Semana passada foi dito por aqui que o primeiro ato da temporada havia se encerrado em The Walking Dead. Sim, ainda existiam pessoas fora de Alexandria, como Tara e Heath. Entretanto, investir quase cinquenta minutos para mostrar o que houve com personagens secundários não parece ter sido algo tão eficiente.

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Outro alvo de discussão foi o fato de The Walking Dead sofrer críticas constantes, sobretudo dos próprios fãs ao apresentar episódios fillers. Durante a 7º temporada, após o chocante e intenso primeiro capítulo, estamos assistindo episódios com o ritmo mais lentos, com introduções de novas comunidades e apresentações de novos personagens, sobretudo Negan e os Salvadores. Isso não é um problema e cabe ressaltar que o drama pós-apocalíptico nem sempre irá pisar no acelerador. Contudo, mesmo com algumas situações mais intensas, Swear não teve consistência suficiente ao dedicar o protagonismo de um episódio inteiro – e estendido – à Tara. Desta vez, a narrativa centrada em núcleos específicos não funcionou tão bem. Nada contra a atriz Allanna Masterson, diga-se.

Faltando alguns episódios para o final da 6º temporada, Tara e Heath haviam partido em busca de suprimentos. Neste meio tempo (que durou cerca de duas semanas) o que aconteceu com Rick e os demais ofuscou totalmente o destino dos dois. Aposto que um fã mais desatento se perguntou por um instante quando foi a última vez que viu os personagens e o que define isso não é necessariamente o carisma mas a relevância para a trama. Se você é um daqueles telespectadores que até a visita de Negan não se lembrava da Enid, certamente também se viu nessa situação. Talvez, se os acontecimentos mostrados se alternassem através de um bom trabalho de montagem com o episódio passado, ficaria de bom tamanho. O fechamento do arco poderia até mesmo se estender por mais um episódio.

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Agora convenhamos: nem todo filler é um episódio ruim. É claro que se trata de uma concepção pessoal, mas episódios como Fly (Breaking Bad) podem ter a capacidade de se desviar do foco principal por um instante, de forma instigante e atrativa. Já em The Walking Dead, imagine um episódio focado em Jesus andando por ai ou no passado de Ezequiel. Personagens secundários com um plot mais interessante renderiam um bom episódio com maior identificação. Por mais que Tara mereça nossa torcida – e um sorriso com aquela divertida cena do óculos rosa – há alguns pontos que podem ser melhor explorados na série. É não é de hoje.

Um tópico positivo a se destacar é justamente o surgimento de mais uma comunidade, que num primeiro momento descobre-se ser composta somente por mulheres e crianças. Além disso, a distância para Alexandria serve para ilustrar a de expansão e domínio dos Salvadores. Oceanside representa um ponto de vista diferente e é interessante assistir esses locais e como eles se comportam sob o jugo do grande vilão da temporada. Entretanto, o modo de agir mostrado a princípio evidenciou uma certa incoerência, a partir do instante em que sabemos que visitantes não são bem vindos e devem ser mortos. A líder Natania (Deborah May) é quem parece ser a personagem mais forte mas derrapa nas próprias convicções, chamando Tara para jantar. Mesmo com a premissa da farsa e o interrogatório/conversa que ocorre, a sensação que ficou foi de preenchimento de roteiro apenas.

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Quem conduz Tara até a comunidade é Cyndie (Sydney Park), personagem de coração mole que da mesma forma, ajuda a sobrevivente a escapar. Um cliché daqueles mas que acabou rendendo boas cenas de ação como a fuga pela mata e a chegada de Tara em Oceanside, cortada abruptamente pelos tiros desferidos contra ela. Outras cenas que também trouxeram um pouco de tensão foi o caminhão de areia com os zumbis, quando Tara e Heath se separaram e retorno dela para a estrada, ajudada por Cyndie, que depois é capturada pelas mulheres que faziam parte da emboscada, Beatrice e Kathy.

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Um conceito relevante na temporada atual é o efeito dos atos dos personagens do grupo de Rick. As consequências vem se desenrolando muito por conta da auto-suficiência, sobretudo após o assassinato no posto avançado dos Salvadores. Em Swear, a partir do momento em que Tara e Heath não voltam no prazo estipulado e decidem avançar um pouco mais, coisas ruins aconteceram. Sobre a impressão de Tara em relação ao grupo de Negan, foi curioso observar como ela considera que realmente eles estão mortos, devido a sua ausência e não saber nada do que está acontecendo de verdade. No final, quando ela chega em Alexandria e vê um Eugene desolado, com as notícias da queda de Rick e as mortes de Glenn, Abraham e Denise, vem o choque de realidade.

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Por um momento, o roteiro chega a nos induzir que após o questionamento de Rosita sobre um local onde existam armas e munição, Tara fosse falar sobre Oceanside. Porém, ao decidir cumprir a promessa feita à Cyndie, a personagem mostra sua gratidão. Fazer o que for preciso para confirmar a supremacia foi a causa da baixa sofrida em Alexandria. Talvez motivada por isso e pelo compromisso moral ou por simples agradecimento, ela não decide entregar o local. Pelo menos por enquanto.

Faltando apenas dois episódios para o hiato da temporada, The Walking Dead focou em núcleos, situou personagens em seus diferentes locais e situações e agora espera-se que a história volte a se mover para frente. Mas não podemos nos esquecer que Heath ainda está por ai e Frank Darabont ainda pode dedicar um episódio inteiro para ele. Você duvida? Brincadeiras a parte, vamos tornar a odiar Negan produção? Vamos…


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